O documentário aborda a carreira de Christopher Reeve de maneira não linear, desde seu início no teatro até se tornar o homem que fez as pessoas acreditarem que era possível voar. Através de entrevistas com familiares e amigos, conhecemos mais sobre o homem por trás do personagem, o impacto do acidente que o deixou tetraplégico, como isso afetou sua forma de ver a vida e o mundo, e como ele passou a usar sua imagem e recursos para angariar fundos para pesquisas científicas que pudessem trazer uma cura à pessoas nessa condição.
A importância do Super-Homem para a cultura pop é inegável, tanto nos quadrinhos, onde praticamente definiu o que seriam as HQs de super-heróis, quanto no cinema, onde mostrou que as adaptações desse tipo de personagem eram viáveis e rentáveis. Esse papel marcou a carreira de Christopher Reeve, transformando o até então ator de teatro em uma estrela de Hollywood. Contracenando com atores renomados como Gene Hackman e Marlon Brando, Reeve deu o seu melhor e se tornou uma representação em carne e osso do que era visto nos gibis. Ao aceitar o papel, ele ouviu de muitas pessoas que estaria jogando sua carreira fora por não ser um “papel sério”, mas, ao invés de desistir, ele levou a sério sua interpretação e trouxe vida ao personagem, com elementos pontuais, como a diferença de postura quando estava como Clark Kent em relação ao Super-Homem. Ele também se esforçou em cenas de ação com técnicas nunca antes usadas para fazer o público acreditar que estava realmente voando.
Reeve queria provar que não era um ator de um papel só, mas, infelizmente, sua carreira não tinha o mesmo destaque quando ele não estava interpretando o kryptoniano. Então, em 1995, aconteceu o acidente a cavalo que mudou sua vida para sempre. Em seu segundo casamento, o ator encontrou esperança graças a Dana Reeve, sua esposa. Ela esteve com ele até o fim, segurando as pontas da família e cuidando das necessidades de seu marido, apoiando-o mesmo quando tudo parecia uma causa perdida. O filme destaca a união dos dois e como Dana também foi uma mulher excepcional. Juntos, eles criaram um centro de pesquisas que trouxe esperança e avanços significativos para pessoas com problemas motores, além de progressos nas pesquisas com células-tronco. Os filhos de Reeve também tiveram um papel fundamental em sua recuperação, e sua figura como pai é abordada no documentário, assim como a relação conturbada que ele teve com seu próprio pai.
Durante os anos 90, a figura do super-herói altruísta e bondoso se tornou piegas, com o público preferindo anti-heróis violentos, armados com trabucos gigantes, que não se importavam em matar para atingir seus objetivos – ou seja, totalmente o oposto do que o Super-Homem representava até então. Isso afetou o próprio Super, tanto nos quadrinhos quanto nas telonas, culminando em sua mais recente representação no universo de Zack Snyder. Reeve acreditava que as pessoas precisavam de heróis, de figuras para se inspirar e impulsionar seus sonhos, e podemos ver isso claramente em sua atuação. Além de força, seu personagem transbordava carisma, com uma postura e um sorriso cativante para quem quer que fosse, sempre disposto a fazer o bem. Aparentemente, James Gunn, que está à frente do novo universo da DC no cinema, pretende retornar a essa abordagem do personagem – vamos torcer para que dê certo.
Além de uma lição de vida, o documentário aborda os aspectos humanos e não omite as falhas e fracassos do ator. Super/Man é comovente, uma grande e merecida homenagem a um ator formidável e um ser humano admirável. Vai emocionar os velhacos e apresentar Christopher Reeve para uma nova geração de um jeito cativante.