Os filmes de brucutu estão voltando com tudo, e Força Bruta – Sem Saída é um grande representante desse subgênero. A franquia sul-coreana tem feito muito sucesso no exterior e chega aqui com muito humor e porradaria maniqueísta, como nos velhos tempos.
O detetive Ma Seok-do (Don Lee/Ma Dong-seok) é conhecido por não aceitar desaforos e por quebrar regras quando necessário para atingir seus objetivos. Quando um carregamento de uma nova droga provoca um confronto entre criminosos coreanos e a Yakuza, ele reúne seus melhores homens para fazer valer a lei à base de socos. No elenco, também estão Lee Joon-hyuk, Munetaka Aoki, Beom-su Lee, Ahn Se-ho, Do-geon Kim e Gyu-pil Go.
Ainda que fossem cheios de porradaria e violência, os filmes de brucutu se valiam de um universo maniqueísta e simples, como uma brincadeira de polícia e ladrão. Os vilões eram maus, não tinham controle e sabiam como contornar os meandros da lei, o que justificava as quebras de conduta e os limites ultrapassados pelos protagonistas – mas tudo bem, afinal, eles eram os mocinhos e lutavam pela justiça. Hoje, com o debate sobre o uso excessivo de força e abuso de autoridade policial em alta, essa abordagem já não convence tanto. O diretor Sang-yong Lee parece compreender isso, trazendo uma obra que não se leva a sério e aposta no humor para reforçar o quão lúdico é este mundo onde a polícia ultrapassando limites é ‘legal’. Em uma cena, você vê o protagonista durão dando socos que fazem as pessoas atravessarem paredes, e, na outra, ele faz uma palhaçada digna de “Os Trapalhões”, no melhor estilo do humor sul-coreano. Essa abordagem funciona bem, deixando tudo mais palatável para os dias de hoje.
Um dos pontos altos do filme são as coreografias de combate, nas quais o diretor aproveita as habilidades do ex-pugilista Don Lee para criar movimentos rápidos e dinâmicos, com a câmera bem próxima aos personagens, como se também estivesse se movimentando entre os golpes. Graças à edição, que adiciona ainda mais velocidade e potência, as coreografias têm um impacto ainda maior. No entanto, um ponto que exige nossa suspensão de descrença é o fato de que, neste universo, as pessoas preferem usar punhos, facas e espadas em vez de armas de fogo. Todas as cenas de ação poderiam terminar em segundos se os personagens estivessem armados, então o filme opta por fazer das armas de fogo um recurso muito escasso – e, ainda assim, só são usadas a queima-roupa, dando tempo de serem desviadas.
Apesar de estar chegando às telonas brasileiras agora, Força Bruta – Sem Saída é o terceiro filme da franquia e teve muito sucesso lá fora em 2023, tanto que um quarto filme já foi lançado. Este é um filme direto e honesto, entregando a ação e diversão esperada, sem enrolações desnecessárias. Um prato cheio para quem sente saudade dos brucutus oitentistas.
Róger |